No RJ, major pede ajuda aos traficantes para recuperar carro e "arrego" consta no "caderno" do narco
- Wilson Rebelo
- há 11 horas
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Atualizado: há 9 horas

A Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Polícia Civil do Rio de Janeiro produziu extenso relatório que embasou a megaoperação realizada na última terça-feira, 28, que matou 119 bandidos. No documento, uma troca de mensagens demonstra o grau de comprometimento das forças de segurança do RJ: o major Ulisses Estevam, da Polícia Militar, pede ajuda aos traficantes para recuperar um carro roubado.
Na mensagem obtida pelos investigadores, o major Ulisses envia a foto de um carro roubado para o traficante Washington César Braga da Silva, conhecido como Grandão e apelidado de “síndico da Penha”, ligado diretamente a Edgard Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso, o maior chefe do Comando Vermelho ainda em liberdade. “Preciso recuperar. Carro do 01. Esse eu tenho que resolver”, escreveu o oficial.
De acordo com a polícia, logo após o pedido, Grandão acionou os administradores de um grupo chamado “CPX da Penha”, mandando que eles localizassem o veículo. O carro havia sido roubado em 26 de abril do ano passado e foi recuperado três dias depois, em 29 de abril.
Segundo o jornal EXTRA, o policial militar segue ativo na corporação, no cargo de major. No início de outubro deste ano, ele estava alocado como gestor estratégico na 5ª UPP/23º BPM, responsável pela área da Rocinha. O salário do último mês somou R$ 26.667,24.
A PMRJ ainda não se pronunciou sobre o caso.

'Arrego para PMs'
Na mesma investigação, Grandão foi apontado como o criminoso encarregado de negociar com policiais militares das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) o pagamento do chamado “arrego”. O objetivo seria reduzir a fiscalização e a repressão ao tráfico de drogas.
De acordo com o inquérito, Grandão, além de pagar propina a policiais das UPPs, coordenava os soldados do tráfico nas ruas, sendo o responsável por montar as escalas de plantão. Ele também administrava os eventos da Penha, como os bailes funks. Segundo os investigadores, Grandão mantinha até um telefone exclusivo para se comunicar com policiais militares que recolhiam a propina.
Constam também na investigação diversas fotos de anotações que mostram a contabilidade do tráfico. Em uma das imagens, obtida a partir da quebra do sigilo telefônico de um homem apontado como gerente do tráfico do Alemão, há uma lista de gastos que soma R$ 39 mil. O “arrego” aparece como o segundo item da relação, com valor de R$ 4,5 mil.

No comando de tudo, está Edgard Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso, o maior chefe do Comando Vermelho ainda em liberdade. Ele tem 269 anotações policiais, 26 mandados de prisão em aberto e comanda diversas áreas.
Doca já autorizou crimes bárbaros, entres eles, o assassinato de três crianças, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense: Lucas Matheus da Silva, de 8 anos, Alexandre da Silva, 10, e Fernando Henrique Ribeiro, de 12. Eles se desentenderam com um traficante local por causa de um passarinho. Doca mandou torturar e matar as três crianças.
Doca escapou do cerco policial e segue sendo caçado. O Disque-Denúncia RJ oferece R$ 100 mil como recompensa por informações que levem à sua captura.











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