Senador do PT presidirá CPI do Crime Organizado. "Segurança não pode ser pauta apenas da direita", diz
- Wilson Rebelo
- 4 de nov.
- 3 min de leitura

O senador Fabiano Contarato (PT-ES), presidente da CPI do Senado Federal que vai investigar o crime organizado, afirmou, nesta terça-feira, 4, que atuará de forma independente e que a segurança pública “não deve ser uma pauta apenas da direita”.
"Faço um apelo às lideranças progressistas: é hora de ocupar esse espaço de debate com coragem, técnica e empatia, porque enquanto hesitamos, o medo avança. Progressismo, para mim, é enfrentar a realidade de frente, não ignorá-la. Eu acredito na ressocialização, mas não em impunidade disfarçada de compaixão", disse Contarato.
Contarato destacou que apoiou projetos de segurança pública que tiveram resistência dos parlamentares governistas. É o caso da Lei 14.843, que restringiu as saídas temporárias de presos, e do Projeto de Lei (PL) 1.473/2025, que chega a dobrar a punição para adolescentes em conflitos graves com a lei.
Contarato foi eleito presidente sob forte contestação.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) criticou a atuação de senadores do governo para assumir a liderança da CPI. Ele afirmou que abrir CPIs é um direito da minoria, sendo necessário o apoio de apenas um terço dos senadores para sua abertura.
"Mais uma vez o governo Lula, que não assinou e não queria que essa CPI existisse, toma de assalto essa comissão. No momento que coloca algum senador do Partido do Trabalhadores que tem que investigar o próprio governo Lula, a gente perde a legitimidade. Mas vamos dar o voto de confiança, estar juntos para tentar fazer o nosso melhor", disse Girão.
Alessandro Vieira (MDB-SE) será o relator, responsável por conduzir o inquérito e propor medidas, como indiciamentos e projetos de lei e a vice-presidência ficou com Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que também concorreu à presidência. Mourão teve cinco votos favoráveis, enquanto Contarato teve o apoio de seis senadores.
Plano de trabalho
Os senadores também aprovaram o plano de trabalho para a CPI elaborado por Alessandro. O relator afirmou que o relatório deve diagnosticar a situação do crime organizado no país e detectar as políticas públicas mais efetivas contra o problema.
A comissão investigará diversos tópicos relacionados ao crime organizado, entre eles, ocupação ilegal de território; lavagem de dinheiro, com ênfase em criptomoedas; bens patrimoniais; bancas de advocacia e segmentos econômicos lícitos, como combustíveis, lubrificantes, bebidas, garimpo, mercado imobiliário e cigarros; crimes de tráfico de drogas e de armas, sonegação tributária e roubo, entre outros, além de integração entre os órgãos de segurança pública e as Forças Armadas, com destaque para as fronteiras.
Autoridades
A CPI ouvirá os governadores e secretários de Segurança do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Distrito Federal, considerados os estados mais seguros e as mesmas autoridades do Rio de Janeiro e de São Paulo, em razão da atuação de facções nesses estados, como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC), respectivamente.
Governadores e secretários de Segurança Pública do Amapá, Bahia, Pernambuco, Ceará e Alagoas, estados mais perigosos do país, também serão convidados.
A comissão terá 120 dias para investigar especialmente o crescimento das facções e milícias (RQS 470/2025). A instalação da CPI ocorreu uma semana após a operação policial que deixou 117 bandidos mortos nos Complexos do Alemão e da Penha e na qual, infelizmente, tombaram quatro policiais - dois civis e dois militares, no Rio de Janeiro.
Informações e imagem - Agência Senado
Edição - Da Redação










Comentários