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Visita de Helder e Hana aproxima Hospital de Parauapebas da "regionalização". Será isso bom?

  • Foto do escritor: Wilson Rebelo
    Wilson Rebelo
  • 4 de abr.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 8 de abr.

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Mais um passo foi dado em direção à chamada "regionalização" do Hospital Geral de Parauapebas (HGP). Na tarde desta sexta-feira, 4, o governador Helder Barbalho (MDB) e a vice-governadora Hana Ghassan realizaram o que vem sendo chamada de "visita técnica" ao HGP.


Claramente, nada há de "técnico" em um evento destinado a gerar uma "pauta positiva" para o prefeito Aurelio Goiano (Avante), este novo convertido ao "barbalhismo", aproveitando que Helder e Hana estão na região por conta do aniversário de Marabá.


A questão do HGP, infelizmente, é notoriamente política.


Há tempos Helder quer ter Goiano como um apoiador da provável candidatura de Hana Ghassan ao governo do Estado nas eleições de 2026. Com seus mais de 200 mil eleitores e orçamento bilionário, Parauapebas se tornou tão ou mais relevante politicamente que Marabá.


Até onde a vista alcança, o preço de Goiano para aderir ao projeto de Helder e Hana inclui a "regionalização" do HGP, transferindo para o Estado do Pará a gestão da casa de saúde e se livrando da responsabilidade de gerir um hospital de alta e média complexidade.


Aquela conversa de "viver no hospital", como se sabe, era só blá-blá-blá para enganar trouxas e Aurelio está ansioso para entregar o HGP para qualquer um.


Mas é preciso dizer que, apesar da mídia chapa-branca vender a "regionalização" como a "salvação da lavoura", ela não necessariamente trará grandes benefícios aos pacientes de Parauapebas e, ao contrário, a coisa pode ficar até pior. Senão, vejamos.


Atendimentos em alta e média complexidade, por seus altos custos, precisam ser oferecidos através de regulação e, caso o governo do Pará "regionalize" o HGP, somente terão acesso aos tratamentos especializados aqueles que passarem pela rigorosa triagem estadual.


O Hospital Regional de Marabá é considerado de alta qualidade porque só recebe pacientes através de triagem realizada pela poderosa Diretoria de Regulação em Saúde, da Sespa.


Por outro lado, o Hospital Municipal de Marabá e o Hospital Geral de Parauapebas recebem pacientes locais e de todas as cidades vizinhas, sem qualquer regulação ou encaminhamento e até mesmo sem prontuário. Como se sabe, o resultado é que vivem no caos estampado todos os dias nas páginas de sites e blogs.


Mas como nada é perfeito, o ponto negativo é que transformar o HGP em Hospital Regional significa, na prática, acabar com o atendimento especializado universal em Parauapebas. Como a cidade conta com apenas uma Policlínica e uma UPA, não é preciso muito para imaginar um cenário ainda mais caótico que o atual.


A outra possibilidade é que o governo do Estado assuma a gestão do HGP e mantenha o sistema de atendimento universal. Esta alternativa até que pode ser cogitada, considerando que estamos próximos do ano eleitoral, quando as bondades proliferam e os corações dos governantes transbordam de amor e empatia.


Ocorre que, no médio prazo, o modelo "universal" para um hospital de grande porte é inviável. A demanda se torna irrefreável e os custos, proibitivos. O resultado será idêntico ao que vemos atualmente no HGP: achatamento dos salários de médicos e do corpo técnico; carência de insumos; longas filas para cirurgias e tantas outras mazelas que precarizam o serviço e podem implicar em perdas de vidas.


Antes de entregar seu hospital ao Estado, Parauapebas precisaria ter uma rede de policlínicas e pelo menos mais uma UPA e dois Prontos-Socorros, capazes de formar uma rede de Atenção Básica e de prover o atendimento de urgência e emergência.


Da forma em que está sendo prevista a tal "regionalização", feita a toque de caixa, sem qualquer discussão com a sociedade, o HGP mudará de "dono" sem que disso decorra qualquer melhoria na qualidade da saúde pública em Parauapebas, muito pelo contrário.


Como se vê, caso o HGP se torne acessível apenas através de regulação, aqueles que hoje correm ao HGP quando os postos de saúde estão fechados e quando a UPA e a Policlínica estão superlotadas, não terão mais onde buscar atendimento.


Por outro lado, mantendo-se como um hospital de "portas abertas", o HGP apenas estará adiando o colapso, desta vez financiado pelos cofres do governo do Estado.


Para agradar um aliado, o governador parece que está "comprando" caro demais o HGP e o preço a ser pago pode ser a contínua precarização da saúde pública, penalizando justamente os mais pobres e mais necessitados.


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